USPSTF: Rastreamento de Sífilis em Gestantes; Oportunidades Médicas; Antibióticos nos Primeiros Dias de Vida; Esteatose Hepática e Parto Prematuro; Contratação Científica; Aprenda a ser otimista.
🔔Destaques desta edição: | ||
💙USPSTF: Rastreamento de Sífilis em Gestantes; | ||
📢Oportunidades Médicas; | ||
💙Entenda o Impacto dos Antibióticos nos Primeiros Dias de Vida; | ||
💙Esteatose hepática na gestação e risco de parto prematuro; | ||
🎓 Contratação Científica; | ||
📚 Aprenda a ser otimista. | ||
🧠 "A ciência não pode prever o que vai acontecer. Só pode prever a probabilidade de algo acontecer" - César Lattes | ||
Abrimos esta edição com uma reflexão sobre a natureza da incerteza e a humildade do conhecimento científico, expressa por um dos maiores nomes da ciência brasileira: César Lattes. Físico brilhante, co-descobridor do méson pi (partícula fundamental para a compreensão das forças nucleares), Lattes foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e teve papel central na criação do CNPq, instituições que até hoje sustentam a pesquisa científica nacional. | ||
Nascido em Curitiba, em 1924, Lattes foi um defensor intransigente da ciência como instrumento de desenvolvimento social e soberania. Apesar de seu reconhecimento internacional — seu nome foi cogitado para o Nobel —, Lattes sempre fez questão de manter suas pesquisas no Brasil, acreditando que o conhecimento deveria florescer também nos países em desenvolvimento. | ||
Sua citação nos lembra que, embora a ciência nos dê ferramentas poderosas para interpretar o mundo, ela é também um exercício de probabilidades, de construção coletiva e de responsabilidade. | ||
Sigamos, como Lattes, fazendo ciência com rigor e consciência. | ||
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🔹GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | ||
USPSTF: Rastreamento de Sífilis em Gestantes | ||
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Uma atualização da revisão de evidências sobre o rastreamento de sífilis durante a gravidez foi recentemente conduzida para o US Preventive Services Task Force (USPSTF), com o objetivo de reafirmar as diretrizes estabelecidas em 2018. O trabalho, publicado em 13 de maio de 2025 em JAMA, destaca os benefícios do rastreamento precoce e do tratamento adequado para prevenir sífilis congênita, além de analisar os possíveis danos envolvidos tanto nos testes quanto no tratamento. | ||
Sífilis Congênita: | ||
A sífilis congênita é uma condição grave, completamente evitável, mas ainda presente em diversos países, inclusive nos Estados Unidos e no Brasil. O rastreamento em gestantes permanece uma estratégia essencial para conter essa infecção e proteger mães e bebês de complicações graves, como natimortalidade, parto prematuro e malformações congênitas. | ||
Principais Achados | ||
1. Efetividade do Rastreamento (KQ1) | ||
Apesar da relevância clínica da triagem, a revisão atual não identificou novos estudos publicados desde 2017 que avaliem diretamente a efetividade do rastreamento na redução da sífilis congênita ou de outros desfechos adversos na gestação. | ||
2. Riscos Associados aos Testes Diagnósticos (KQ2) | ||
Cinco estudos com mais de 51 mil participantes avaliaram os danos associados à triagem. Os resultados demonstraram grande variação na taxa de falsos-positivos dependendo do algoritmo utilizado: | ||
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Essa variação significativa demonstra a necessidade de protocolos mais robustos e padronizados para evitar diagnósticos incorretos que podem gerar estigma, ansiedade e tratamento desnecessário. | ||
3. Efeitos Adversos do Tratamento com Penicilina (KQ3) | ||
Dois estudos (n=130) analisaram reações adversas à penicilina durante a gestação: | ||
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Esses dados ajudam a balizar os possíveis riscos do tratamento, mas reforçam que, mesmo com efeitos colaterais, o tratamento continua sendo extremamente seguro e essencial para evitar desfechos negativos. | ||
Triagem Repetida no Terceiro Trimestre: Vale a Pena? | ||
Embora não tenha sido analisada sistematicamente na revisão, uma questão contextual importante emergiu: a repetição da triagem no terceiro trimestre. Quatro estudos (três coortes e um registro nacional) apontaram que até 5% dos casos de sífilis congênita ocorreram em gestantes que inicialmente testaram negativo. | ||
Dois estudos sugerem que metade dos casos poderia ser evitada com uma segunda triagem e tratamento oportuno no terceiro trimestre. Outro estudo estimou um impacto mais conservador, com 25% de prevenção. Esses achados apontam para a necessidade de novas diretrizes e estudos que investiguem a eficácia da triagem repetida. | ||
A triagem universal para sífilis na gravidez continua sendo altamente recomendada. O estudo reafirma que, embora os algoritmos atuais sejam úteis, ainda há espaço para melhoria na acurácia diagnóstica, especialmente na escolha do algoritmo de testagem. | ||
Além disso, o uso de penicilina permanece como o tratamento mais eficaz e seguro, com baixos índices de reações adversas. A possibilidade de triagem repetida no terceiro trimestre pode ser uma estratégia promissora, principalmente em regiões de alta prevalência ou com populações vulneráveis. | ||
🔹PEDIATRIA | ||
Entenda o Impacto dos Antibióticos nos Primeiros Dias de Vida | ||
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Um amplo estudo de coorte publicado no JAMA Network Open revelou uma associação significativa entre a exposição sequencial a antibióticos durante o período perinatal e uma pior função pulmonar em crianças nascidas prematuras com muito baixo peso ao nascer (VLBW). O estudo, realizado com dados do German Neonatal Network (GNN), oferece novos insights sobre como decisões clínicas no início da vida podem influenciar de forma duradoura a saúde respiratória. | ||
Por que estudar os antibióticos no período perinatal? | ||
Estudos anteriores já haviam mostrado que a exposição a antibióticos durante a gestação está relacionada ao aumento do risco de asma na infância. Em modelos animais, essa exposição precoce afeta negativamente o desenvolvimento das vias aéreas. Em recém-nascidos prematuros, a vulnerabilidade é ainda maior devido à imaturidade pulmonar, ao uso frequente de ventilação invasiva, à exposição ao oxigênio e a déficits nutricionais. No entanto, a conexão direta entre a exposição perinatal a antibióticos e alterações na função pulmonar infantil em prematuros ainda não havia sido investigada com profundidade — até agora. | ||
Altas taxas de exposição a antibióticos | ||
A exposição a antibióticos ocorre em múltiplos momentos no cuidado perinatal: | ||
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Principais achados da pesquisa | ||
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Impactos do desequilíbrio do microbioma | ||
A exposição precoce a antibióticos reduz a diversidade microbiana e compromete populações benéficas como Bifidobacteria, predispondo ao desequilíbrio (disbiose). Esse desequilíbrio pode levar a complicações sérias como: | ||
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Além disso, a nutrição com leite humano demonstrou ter efeito protetor, por promover um microbioma dominado por Bifidobacteria e a produção de ácidos graxos de cadeia curta com ação anti-inflamatória. | ||
Implicações clínicas | ||
A pesquisa reforça a necessidade de programas de stewardship de antibióticos em unidades neonatais e obstétricas, a fim de evitar uso desnecessário de antimicrobianos. Recomendações práticas incluem: | ||
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Estratégias de prevenção para famílias | ||
Para famílias de recém-nascidos prematuros, os autores sugerem estratégias preventivas que incluem: | ||
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Limitações do estudo | ||
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Este estudo é o primeiro a demonstrar, em uma coorte de prematuros VLBW, uma associação entre múltiplas exposições a antibióticos no período perinatal e prejuízos na função pulmonar na idade escolar. Embora os antibióticos continuem sendo essenciais e salvadores de vidas, seus efeitos a longo prazo sobre o desenvolvimento infantil, especialmente em populações vulneráveis, merecem atenção cuidadosa. | ||
É urgente o desenvolvimento de programas de prevenção integrados, baseados em evidências, que combinem cuidado neonatal racional, suporte familiar e intervenções específicas para proteger a saúde respiratória de crianças prematuras. | ||
🔹HEPATOLOGIA | ||
Esteatose hepática na gestação e risco de parto prematuro | ||
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Um estudo populacional conduzido por pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, trouxe atualizações sobre os impactos da esteatose hepática associada à disfunção metabólica (MASLD) em mulheres grávidas. Publicada no periódico eClinicalMedicine, a pesquisa identificou um risco três vezes maior de parto prematuro entre gestantes com o diagnóstico - risco este que se mantém mesmo quando se controlam fatores como obesidade. | ||
A esteatose hepática, anteriormente conhecida como Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (NAFLD), afeta cerca de 20% da população sueca e pode alcançar até 30% da população mundial, com crescimento preocupante entre mulheres em idade reprodutiva. Entre os fatores de risco estão diabetes tipo 2, sobrepeso e obesidade, caracterizando um cenário de disfunção metabólica cada vez mais prevalente. | ||
Análise de base populacional | ||
A análise utilizou dados de registros nacionais suecos e incluiu 240 gestações com diagnóstico de esteatose hepática associada à disfunção metabólica, comparadas a 1.140 gestações de mulheres sem a condição, com características semelhantes. | ||
Os resultados mostraram que: | ||
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“Acreditamos que esses achados indicam um papel direto da doença hepática na gestação. O fígado, como órgão central no metabolismo, pode impactar diretamente o ambiente intrauterino”, afirma a pesquisadora Carole A. Marxer, autora principal do estudo e pós-doutoranda do Departamento de Epidemiologia Médica e Bioestatística do Karolinska Institutet. | ||
O estudo também identificou que: | ||
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Esses dados indicam que, embora a condição aumente o risco de parto prematuro e cesariana, não há evidência de impacto direto sobre a saúde fetal estrutural ou mortalidade imediata. | ||
Diante dos resultados, os autores defendem que: | ||
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“Nosso estudo sugere a necessidade de incorporar o acompanhamento da função hepática e do metabolismo nas rotinas de pré-natal, especialmente entre mulheres com fatores de risco metabólicos”, reforça o coautor sênior Jonas F. Ludvigsson, pediatra e professor do Karolinska Institutet. | ||
🌟🧑🏻⚕️Carreiras Médicas👩🏻⚕️🌟 | ||
🎓 Nature revela bastidores da contratação científica | ||
Uma publicação da Nature Careers, revela um retrato importante, sobre o que recrutadores realmente buscam ao contratar cientistas, tanto na academia quanto na indústria. Pela primeira vez, o levantamento ouviu não apenas os profissionais em busca de uma vaga, mas também os que estão do outro lado da mesa: chefes de laboratório, líderes de grupos de pesquisa, gestores de RH e executivos de empresas de base científica. | ||
Com mais de 1.000 respondentes de todo o mundo, a pesquisa, conduzida em parceria com a consultoria Thinks Insights and Strategy, foi tema do primeiro episódio da nova temporada do podcast Working Scientist. | ||
🎓 Indústria x Academia: quem está levando os melhores talentos? | ||
Uma das constatações mais instigantes do levantamento foi o contraste na percepção da qualidade dos candidatos: | ||
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Esse descompasso levanta uma hipótese provocadora: os melhores talentos estão migrando para o setor privado? Estariam as condições de trabalho, salário e perspectiva de carreira fora da universidade mais atraentes para os jovens cientistas? | ||
Soft skills continuam em falta — e isso importa | ||
Se há algo em que academia e indústria concordam, é na carência de habilidades interpessoais. Comunicação, liderança, gestão de projetos e trabalho em equipe são competências cada vez mais exigidas — e, ao mesmo tempo, raramente desenvolvidas durante a formação técnica. | ||
“Os candidatos continuam sendo treinados para dominar o laboratório ou a bancada, mas não para liderar equipes, dialogar com gestores ou atuar em contextos complexos”, explica a jornalista Linda Nordling, que colaborou na análise dos dados. | ||
Networking ainda manda — mas também exclui | ||
Um dado que chama a atenção (e acende alertas): a principal forma de contratação segue sendo o velho e conhecido “quem indica”. Redes pessoais e profissionais têm mais peso do que plataformas de recrutamento ou processos abertos. | ||
Isso preocupa. “É um sistema que tende a manter os mesmos dentro e os mesmos fora”, diz Nordling. Para quem não tem acesso a eventos, congressos ou mentores influentes, a barreira de entrada ainda é alta. | ||
Valores importam — e muito | ||
Segundo Ilana Wisby, ex-CEO da Oxford Quantum Circuits, não é o mais experiente ou o mais confiante que conquista a vaga — e sim quem compartilha os valores da organização. | ||
“Quando perguntamos: ‘Conte um momento em que recebeu um feedback difícil’, o que está em jogo é a sua humildade, sua inteligência emocional e a disposição de aprender com os erros”, explica Wisby no podcast. | ||
Ela defende que recrutadores bem preparados estão mais atentos ao potencial de crescimento, à curiosidade e à compatibilidade cultural do candidato do que a títulos ou publicações. | ||
E você? Já pensou nos seus próprios valores? | ||
Outro ponto crucial destacado por Wisby: não basta saber se a vaga é boa. É preciso saber se ela combina com você. | ||
Muitos candidatos perdem tempo se candidatando a dezenas de oportunidades sem saber o que realmente estão buscando. Um exercício de autoconhecimento, mesmo que simples, pode poupar energia e aumentar a chance de sucesso. | ||
Negociação: na indústria é regra; na academia, possível | ||
A pesquisa também revelou que há mais espaço para negociar salários e benefícios na indústria, mas isso não significa que a academia seja um campo fechado. | ||
Quase 30% dos profissionais acadêmicos relataram já ter negociado algum aspecto de sua contratação, como flexibilidade de carga horária, tempo de contrato ou apoio para mudança. A dica é clara: quem não pergunta, não recebe. | ||
Planeje, não apenas reaja | ||
Para finalizar, Ilana Wisby faz um convite: troque a pressa pela estratégia. Em vez de agir apenas com base na urgência ("preciso de um emprego agora!"), invista um tempo em refletir sobre o que você busca, quais ambientes favorecem seu crescimento e como você quer se desenvolver. | ||
O conselho vale ouro para pesquisadores, profissionais de saúde em transição de carreira: uma trajetória bem planejada começa com introspecção. | ||
Adaptado de: | ||
Gould, J. (2025, May 8). Curiosity, drive, willingness to learn: Three qualities to display at science job interviews. Nature. https://www.nature.com/articles/d41586-025-01434-z | ||
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📚🧠Triagem Literária🧠📚 | ||
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Indicamos "Aprenda a ser otimista: Como mudar sua mente e sua vida", de Martin E. P. Seligman, psicólogo conhecido como o pai da psicologia positiva. Com base em mais de duas décadas de pesquisa, Seligman apresenta ferramentas práticas para transformar padrões de pensamento negativos, combatendo o pessimismo crônico e promovendo maior bem-estar emocional. O livro oferece estratégias acessíveis para reinterpretar comportamentos de forma mais construtiva, melhorar o diálogo interno e cultivar um otimismo que pode fortalecer o sistema imunológico, reduzir sintomas depressivos e ampliar o potencial humano. | ||
Direção | ||
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