Menopausa e Congelamento ovariano
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Menopausa e Congelamento ovariano

Menopausa e Tecnologia de congelamento ovariano; Anticoagulação para AVC Criptogênico; Células CAR-T; Ovarian Tissue Cryopreservation.

Triagem | Academia Médica
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🔔Destaques desta edição:

🩺 Menopausa e Tecnologia de congelamento ovariano;

🩺Anticoagulação para AVC Criptogênico;

🩺Células CAR-T;

📚 Principles and Practice of Ovarian Tissue Cryopreservation.


O Legado de Inovação em Medicina Reprodutiva - Kutluk Oktay


Reconhecido como um dos principais especialistas em preservação da fertilidade, além de estimulação ovariana e fertilização in vitro para casos complexos de infertilidade, Kutluk Oktay, M.D., F.A.C.O.G realizou em 1999 o primeiro transplante de tecido ovariano criopreservado. Este avanço, marcou o início de uma nova era na preservação da fertilidade, oferecendo esperança a mulheres em risco de perder a função ovariana devido a tratamentos médicos ou condições de saúde​. (Marin et al.,2020) 

Desde sua introdução, a técnica de criopreservação de tecido ovariano evoluiu significativamente, alcançando marcos importantes, como o primeiro nascimento bem-sucedido a partir de tecido ovariano congelado, anunciado por Jacques Donnez em 2004. Esta conquista validou o potencial da técnica como uma estratégia eficaz para a preservação da fertilidade​. (New Scientist., 2004).

A evolução na medicina reprodutiva exemplifica a habilidade da ciência em superar barreiras e melhorar a saúde continuamente. Avanços significativos estão moldando um futuro promissor, onde soluções inovadoras abordam complexidades médicas, refletindo o impacto positivo da pesquisa na qualidade de vida. Este desenvolvimento sublinha a necessidade vital da inovação científica como motor do progresso na medicina, introduzindo soluções revolucionárias que têm o poder de transformar vidas.💙

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Sob esta perspectiva é que juntos, continuamos aqui abraçando, acompanhando e apoiando os avanços que estão delineando o amanhã da saúde.

Agradecemos profundamente por compartilhar conosco esta jornada de descobertas e conhecimento no vasto universo da saúde. 🌐

Desejamos-lhe um dia repleto de inspiração e uma boa leitura!

📖😉


🔹SAÚDE DA MULHER

Menopausa Adiada? Como a Tecnologia de Congelamento Ovariano Pode Mudar o Futuro da Saúde Feminina

Menopausa Adiada? Como a Tecnologia de Congelamento Ovariano Pode Mudar o Futuro da Saúde Feminina
Menopausa Adiada? Como a Tecnologia de Congelamento Ovariano Pode Mudar o Futuro da Saúde Feminina

A recente pesquisa conduzida por Kutluk Oktay, MD, PhD, um biólogo ovariano e diretor do Laboratório de Reprodução Molecular e Preservação da Fertilidade na Escola de Medicina de Yale (YSM), trouxe novas perspectivas sobre o adiamento da menopausa em mulheres saudáveis através do congelamento de tecido ovariano. Publicado na revista American Journal of Obstetrics & Gynecology em 4 de janeiro de 2024 e divulgado no Science Daily, este estudo inovador explora as possibilidades e os desdobramentos de prolongar os anos de fertilidade feminina e, possivelmente, prevenir ou adiar indefinidamente a menopausa.

Oktay, pioneiro na realização do primeiro transplante ovariano do mundo com tecido criopreservado em 1999, apresenta uma visão futurista na qual mulheres saudáveis poderiam utilizar este processo para preservar milhares de óvulos dentro do tecido ovariano. Este método não apenas poderia estender os anos de fertilidade, mas também retardar ou evitar completamente a chegada da menopausa, trazendo potenciais benefícios para a saúde feminina ao mitigar os riscos e sintomas associados à diminuição dos níveis de estrogênio.

A pesquisa se baseia em dados de centenas de procedimentos anteriores de criopreservação e transplante de tecido ovariano, bem como em estudos moleculares sobre o comportamento dos folículos ovarianos no tecido, para construir um novo modelo matemático. Este modelo visa prever quanto tempo a cirurgia poderia potencialmente adiar a menopausa em uma gama de circunstâncias em mulheres saudáveis, considerando, fatores como a idade no momento do procedimento e a quantidade ideal de tecido ovariano a ser coletado.

A criopreservação do tecido ovariano envolve a remoção laparoscópica do ovário inteiro ou camadas da porção externa, que contém óvulos imaturos e dormentes (folículos primordiais). Após o congelamento por um processo especializado, o tecido é armazenado e, futuramente, reimplantado na paciente, restabelecendo a função ovariana em aproximadamente três meses. Estudos indicam que, com a melhoria das técnicas de congelamento e transplante, é possível atingir taxas de sobrevivência de até 80% dos folículos, com a aspiração de alcançar 100% no futuro.

O modelo também sugere que transplantar partes do tecido ovariano em várias etapas pode prolongar ainda mais o adiamento da menopausa. Para mulheres com menos de 40 anos, a criopreservação do tecido ovariano pode significar um atraso significativo na menopausa, e para aquelas com menos de 30 anos, deve ser possível prevenir a menopausa por completo.

Além dos benefícios relacionados à extensão da fertilidade, o adiamento da menopausa por meio da criopreservação do tecido ovariano pode oferecer vantagens de saúde, como a redução dos riscos para doenças cardiovasculares, demência, doenças da retina, depressão e perda óssea. Estudos indicam que mulheres que entram na menopausa mais tarde podem viver mais e ter menor risco para essas condições.

Apesar dos avanços promissores, Hugh S. Taylor, MD, presidente e professor Anita O'Keeffe Young de Obstetrícia, Ginecologia & Ciências Reprodutivas na YSM, enfatiza a necessidade de mais pesquisas para determinar os benefícios e riscos a longo prazo desta abordagem.

A pesquisa de Oktay e sua equipe no campo da preservação da fertilidade e adiamento da menopausa marca um passo significativo em direção a novas possibilidades para a saúde e bem-estar femininos, abrindo caminho para discussões futuras sobre a viabilidade e os benefícios potenciais de tais intervenções médicas.

📹 A American Journal of Obstetrics & Gynecology disponibiliza em sua página, um vídeo de 3 minutos sobre esta pesquisa. Para asssistir, clique no link abaixo:

Fonte: Joshua Johnson, Sean D. Lawley, John W. Emerson, Kutluk H. Oktay., 2024
Fonte: Joshua Johnson, Sean D. Lawley, John W. Emerson, Kutluk H. Oktay., 2024

🔹NEUROLOGIA

Anticoagulação para AVC Criptogênico com evidências de Cardiopatia Atrial

Anticoagulação para AVC Criptogênico com evidências de Cardiopatia Atrial
Anticoagulação para AVC Criptogênico com evidências de Cardiopatia Atrial

Um novo estudo publicado na revista JAMA em 7 de fevereiro de 2024, explora o tratamento preventivo para pacientes que sofreram AVC criptogênico (acidente vascular cerebral de causa desconhecida) e apresentam evidências de cardiopatia atrial, uma condição que pode aumentar o risco de formação de coágulos no coração. A pesquisa, intitulada  Apixaban to prevent recurrence after cryptogenic stroke in patients with atrial cardiopathy: the ARCADIA randomized clinical trial , buscou determinar se a anticoagulação é superior à terapia antiplaquetária para prevenir novos episódios de AVC nesses pacientes.

Fonte: Kamel H, Longstreth WT, Tirschwell DL, et al., 2024
Fonte: Kamel H, Longstreth WT, Tirschwell DL, et al., 2024

A fibrilação atrial (FA), um tipo comum de arritmia cardíaca, é conhecida por aumentar significativamente o risco de AVC devido à estase sanguínea no apêndice atrial esquerdo, levando à formação de trombos. Tradicionalmente, o tratamento para pacientes com FA inclui a anticoagulação para reduzir esse risco. No entanto, a ARCADIA investigou a eficácia da anticoagulação em pacientes sem evidência de FA, mas com sinais de cardiopatia atrial, sugerindo que a condição subjacente ao risco de AVC pode não ser a FA em si, mas sim uma patologia atrial mais ampla.

O estudo envolveu a randomização de 1015 participantes para receberem ou um regime de anticoagulação com apixabana ou terapia antiplaquetária com aspirina. Os participantes foram selecionados com base em critérios de imagem do cérebro, vasculares, ecocardiografia, eletrocardiograma e monitoramento contínuo do ritmo cardíaco, além de apresentarem um dos três marcadores de cardiopatia atrial estabelecidos: força terminal da onda P no eletrocardiograma, níveis séricos de peptídeo natriurético tipo B pró-terminal ou diâmetro do átrio esquerdo.

Contrariando as expectativas, o estudo foi interrompido precocemente por futilidade após uma análise interina, não demonstrando diferença significativa na eficácia entre os dois tratamentos na prevenção de novos AVCs. Ambos os grupos tiveram uma taxa anualizada de recorrência de AVC de 4,4%, e não houve diferenças significativas em outros desfechos de eficácia secundária, como AVC isquêmico recorrente ou embolia sistêmica.

Um aspecto notável foi a maior ocorrência de hemorragia intracraniana em pacientes tratados com aspirina em comparação com aqueles que receberam apixabana, embora sem diferenças significativas em outras formas de hemorragia maior ou na mortalidade geral. Isso levanta questões sobre a segurança e a eficácia relativas dos anticoagulantes versus antiplaquetários neste contexto específico.

Apesar dos resultados, os autores enfatizam que seria prematuro descartar completamente o potencial da anticoagulação baseada na presença de cardiopatia atrial, independentemente da evidência de FA. Eles sugerem que futuras pesquisas devem se concentrar em marcadores mais diretamente relacionados à patologia do átrio esquerdo para identificar estratégias terapêuticas ótimas.

Este estudo fornece insights e orientações para o tratamento de pacientes com AVC criptogênico e evidência de cardiopatia atrial, destacando a necessidade de terapias personalizadas baseadas em biomarcadores específicos, além de contribuir para o avanço do campo com lições aprendidas para futuras pesquisas.


🔹ONCOLOGIA

Células CAR-T Aprimoradas Usam Estratégias do Próprio Câncer para Eliminar Tumores

Células CAR-T Aprimoradas Usam Estratégias do Próprio Câncer para Eliminar Tumores
Células CAR-T Aprimoradas Usam Estratégias do Próprio Câncer para Eliminar Tumores

A busca por tratamentos mais eficazes contra o câncer nunca cessa, e uma recente descoberta no campo das terapias celulares promete abrir novos caminhos para combater essa doença complexa. Pesquisadores conseguiram potencializar células T, fundamentais na imunoterapia contra o câncer, utilizando uma abordagem inovadora que emprega mutações encontradas em células cancerígenas. Este artigo explora os detalhes e implicações desse avanço publicado na revista Nature em 7 de fevereiro de 2024.

⚕️O Potencial das Terapias CAR-T:

As terapias com células T receptoras de antígeno quimérico (CAR-T) representam um marco no tratamento de vários tipos de câncer sanguíneo, como linfomas e mieloma múltiplo. Essa abordagem envolve coletar células T do próprio paciente, modificá-las para expressar proteínas CAR que as direcionam para atacar células cancerígenas e reintroduzi-las no paciente. No entanto, a eficácia dessas terapias em tumores sólidos, como os de mama e pulmão, ainda é um desafio.

⚕️Uma Nova Estratégia: Mutação CARD11–PIK3R3:

📰 A inovação relatada pelos pesquisadores da Universidade da Califórnia, São Francisco, e da Northwestern University, envolve a incorporação de uma mutação específica, identificada inicialmente em células T cancerosas, nas células CAR-T. A mutação, chamada CARD11–PIK3R3, mostrou-se capaz de infiltrar eficientemente nos tumores e manter uma atividade antitumoral duradoura. Este avanço sugere uma estratégia promissora para superar as limitações atuais das terapias CAR-T em tumores sólidos.

⚕️Resultados Promissores em Modelos Animais:

Nos estudos com modelos de camundongos portando cânceres sólidos e sanguíneos, células T modificadas com a mutação CARD11–PIK3R3 demonstraram uma capacidade excepcional de eliminar tumores. Notavelmente, uma quantidade relativamente pequena dessas células, até 20.000, foi suficiente para erradicar os tumores nos animais tratados, evidenciando a potência dessa abordagem.

⚕️Segurança e Futuras Aplicações:

A preocupação com a possibilidade de as células CAR-T modificadas se tornarem cancerígenas parece ser mitigada pelos dados de segurança obtidos nos estudos com animais. Além disso, a mutação CARD11–PIK3R3 parece ativar as células T editadas apenas na presença de células cancerígenas, o que ajuda a reduzir o risco de efeitos adversos relacionados à terapia.

⚕️Rumo à Aplicação Clínica:

Os pesquisadores fundaram a Moonlight Bio, com o objetivo de avançar com essas células modificadas para ensaios clínicos em humanos nos próximos dois a três anos. Esse passo é crucial para transformar os resultados promissores obtidos em modelos animais em benefícios reais para pacientes com câncer.

A estratégia de empregar mutações encontradas em células cancerígenas para potencializar as células CAR-T abre um novo horizonte para o tratamento do câncer. Esse avanço não só destaca o potencial de terapias celulares mais eficazes contra tumores sólidos, mas também sinaliza a importância de continuar explorando o genoma do câncer em busca de chaves para vencer essa doença. Com a continuação da pesquisa e o início dos ensaios clínicos, a esperança é que essa abordagem inovadora se torne uma ferramenta valiosa na luta contra o câncer.


📚🧠Triagem Literária🧠📚

 Principles and Practice of Ovarian Tissue Cryopreservation and Transplantation
Principles and Practice of Ovarian Tissue Cryopreservation and Transplantation

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Destacamos o livro "Principles and Practice of Ovarian Tissue Cryopreservation and Transplantation", uma obra fundamental que aborda métodos e técnicas de colheita e criopreservação de tecido ovariano, essenciais para especialistas em infertilidade, cirurgiões reprodutivos, endocrinologistas reprodutivos, cirurgiões pediátricos, embriologistas, enfermeiros de infertilidade e ginecologistas.

Este livro é especialmente relevante num momento em que a preservação da fertilidade por meio da criopreservação e transplantação de tecido ovariano é cada vez mais reconhecida como uma estratégia eficaz, não apenas para pacientes com câncer, mas também para crianças e adultos que buscam preservar sua função ovariana e fertilidade. Com links para vídeos instrutivos, materiais, lista de equipamentos e protocolos detalhados, esta obra oferece cobertura abrangente sobre o congelamento e transplantação de tecido ovariano, representando um recurso valioso para centros de fertilidade globalmente.

A inclusão de um prefácio escrito por uma sobrevivente de câncer que se beneficiou deste procedimento acrescenta uma camada pessoal e inspiradora, tornando-o um recurso acolhido calorosamente por profissionais e pacientes interessados na área.🤍💙


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